Salas Liven
SALA FOZ
Numa misteriosa explosão de espaços onde tudo começa. Partes de um todo que se completam. Envolto em luz de um brilho de sombras, a entrada, o corredor e a sala vivem em harmonia.
O lustre vive numa sala verde água, tom claro como a transparência dos sonhos que estão por conduzir.
O chão original faz-nos caminhar com uma segurança na tradição. A construção de uma gaiola pombalina, estrutura tridimensional de madeira em paredes de alvenaria, garante as raízes a um espaço que ainda agora começou…
O tempo parou aqui.
Respira-se história e no passado de cada pedra relembram-se lendas e contos.
Sala com história é sala com vida, que convida a ficar e a viajar no tempo…com tempo. Num tempo que parou aqui. A bica remete para o Tejo de outros tempos. Cheira a luz de porto seguro, num amarelo/dourado de sol e de Lisboa.
A lareira aquece o presente que corre na chaminé, enquanto as janelas falam das colinas que foram plantadas na cidade, num sabor antigo que nos faz permanecer e voltar…
Num chão rasgado, pequenos pormenores que nos engolem e nos transportam para a memória da poesia de Lisboa.
A alma de uma antiga cozinha, onde a lareira é raínha e onde a água corre da bica, alimenta o fado de uma saudade.
E em cada azulejo sete colinas, onde vejo bem a Madragoa, vejo Alfama e vejo a Sé.
Entre outros vejo também, os Jerónimos, Belém e o Restelo mesmo ao pé.
Nem às paredes confesso… e conhecer de dentro para fora e reconhecer que o interior tentou ser travado, picado e escondido por uma tinta sem inspiração.
Damos lustro às imagens procurando desenfreadamente por uma história que é nossa, de todos, de um todo de nós. Espaço de janela rasgada com luz filtrada de onirismo.
Espreita um tabique que atravessa a linha do horizonte onde todo o tempo lhe pertence…
Uma porta em espelho…secreta.
Num espelho que só conta metade da história…
Os tabiques enraizados nas misteriosas paredes recebem-nos com firmeza e fazem-nos demorar, recolhendo os sons, as imagens e os cheiros, porque “o eterno às vezes dura apenas um segundo” e o espelho, esse…é o segredo da sala…
Era uma vez um lugar em que a gaiola pombalina se despe para espreitar a sala nobre …
A amplitude da sala, revestida de uma nobreza inconfundível, obriga-nos a ficar. E ficamos. Presos à madeira que percorre o tecto e que desce pela parede.
Rasgões frescos de tons quentes nas paredes, remetem-nos para um pôr-do-sol sobre o Tejo, num laranja e prata que nos semicerra os olhos e nos aquece a alma…